domingo, 4 de novembro de 2018

Na noite a tua voz
na noite o teu sorriso
na noite o teu olhar terno
na noite a tua presença
na noite o teu aconchego
na noite o teu cheiro
na noite o meu amanhã
acontece

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

SONHO

A casa do medo
Entrar de cara lavada
Com sorriso de palmo e meio
O tempo enche a levada

De feijão e pão centeio
A GARÇA

As noites estão cada vez mais longas
O sono sobressaltado inconstante
Os sonhos são raros e melancólicos
É como se o amanhã não fosse acontecer
No meio do sonho desperta a garça
A garça do desafio permanente
Vem aí o tempo da narceja
Dos campos húmidos e gelados
Das tardes curtas e sombrias
Mas há a garça esguia e altaneira
Elegância contida e oferecida
Passeia a sua graça por entre as garças
Distingue-se vaidosa por uma mancha na plumagem
Que imprime à roupagem de ouro escuro
Branco que assim se macula impõe-se
Rompe o silêncio que oprime a paisagem
Desafia o sol medroso que se esvai
Num horizonte taciturno ocultado
O predador infeliz amargurado
Não por falhar o alto tão fácil e visível
Mas por ser incapaz de apertar o gatilho
De medo que o branco de vermelho se tinja

E lá vai ela a garça de braço dado com a narceja
S. DELAUNAY

De miosótis ao peito e cravo
Entre a rosa e o malmequer
Papoilas nos jardins de Paris voam
Ao sabor do vento com estrelícias dançam
Tulipas espreitam e miosótis

Por Sónia Delauney criados